20 de março de 2009

ela se irrita com o som forçado da felicidade. felicidade não tem preço porque não existe. ela não gosta da ideia inalcançável que é a verdade e acha que seu deus nunca lhe deu sinal de vida. e a morte? não se preocupa com ela. morte não é mais problema - é solução. nada faz diferença. tudo é indiferente.
ela só abre a boca para respostas curtas. curtas e indiferentes. tenta enxergar um sorriso no espelho, mas não gosta de sorrisos. sorrisos demais, abraços demais; acha as pessoas muito exageradas. dias são quentes demais e noites passam muito rápido. não possui medos - as pessoas é que a temem. não gosta das pessoas ao seu redor. tampouco gosta de pessoas. do que ela gosta? da ponta afiada que perfura suas veias ressecadas.

11 de março de 2009

porque no fim de tudo, não haverá uma frase bonita que nos faça querer continuar e nem aplausos que nos elevem. a verdade é nua, crua e engolida inteira.
porque no fim de tudo, a vida vai escorrer por entre os nossos dedos feito água e só vai acontecer lá fora feito filme que passa na tevê.
porque no fim de tudo, não haverá remédio que cure a nossa ilusão mais que perdida e sonhar com um futuro mais justo vai ser apenas distopia. e a realidade vai ser distorcida de novo, de novo, e de novo, até que não haja mais diferença entre mentira e verdade.
porque no fim de tudo, a única luz que poderemos enxergar será a última e então eu vou rezar. porque no fim de tudo, eu vou acreditar até em milagres e fé vai ser coisa sem cor. amém, amém, amém.